Em 1992 escolhi a cidade de Campos dos Goytacazes como residência oficial.
Cansado de correr o mundo e recém-chegado de Nova York, vim descobrir que tinha origens na cidade da cana, do ouro negro, a Campos dos Goytacazes.
Sempre fui um apaixonado declarado pela cidade, tanto que aqui, por intervenção divina, e minha também, é lógico, casei duas vezes , e tenho três filhos maravilhosos, todos campistas de carteirinha.
O tempo foi passando, a cidade crescendo, o progresso chegando, e como toda a cidade que se preze, chegamos ao 3º PIB industrial do Brasil, e cidade responsável em sua bacia produtora por 84% do petróleo dessa imensidão que é nosso país.
Grandes nomes políticos se forjaram nessas planícies Goytacá : Alair Ferreira, Walter Silva, Zezé Barbosa, Raul Linhares, Rockfeller, Garotinhos e Arnaldos.
Conquistas e perdas, sempre marcaram a forte História deste chão, que começa nos engenhos em roda d’água de Pero de Góis, no filme de Winston Churchill, e terminam sempre em versos e prosas .
Nessa terra onde outrora brigavam índios, hoje lotadas e ônibus duelam no trânsito por um passageiro ao sol.
Nesse chão, doce por natureza, o imperador se enlaçou nos cachos das baronesas, e nas curvas do Paraíba um papo amarelo repousa ao fim da tarde a guardar um sino dourado. Há quem diga escutar o badalar seco e já enferrujado, mas acho que é lenda, coisa do povo antigo.
Por um tempo, onde antes se espancava escravos, fez-se o povo aplaudir artistas nacionais.
Hoje, onde o Sol nasce primeiro a festa foi pequena, tipo Janeiro, Fevereiro e só.
A cidade tem luz própria, a gente tem Luz própria.
E nem a chuva que cai forte, devassa e traz miséria causando calamidade, consegue apagar o brilho desse povo.
Revoltas, reviravoltas, quedas e levantes.
Tempos atrás, construímos mais um capítulo nessa tão caliente história.
Hollywood,por algumas horas, foi aqui.
Campos foi cenário de um filme policial, com direito a boatos e mexericos. O engraçado é que nessas horas todos somos Dona FiFi, nos acotovelamos em busca das melhores informações, e as repassamos como vindas de fontes reais, quando não somos nós a presenciar o real fato relatado. Secretários municipais sendo presos; prefeito afastado; assessores com medo da sombra; jornalistas; cinegrafistas; cartunistas; delegados risonhos e carrancudos, policiais educados outros mal encarados, um roteiro completo. Pronto estava montado o cenário.
Eu já não tão jovem, mas estudante de jornalismo, entrei no clima, peguei meu bloquinho e caneta, e fui vivenciar a magia , emoção dos relatos veteranos de quem já cobriu matérias ou casos importantes da história nacional.
Infiltrei-me entre os bons. Avelino Ferreira, Joca Muylaert, até o lendário Churchill apareceu, e eu dava minhas opiniões, como se fosse o mais experiente cientista político, ou jornalista especializado no assunto, e eles sempre atentos , acho que por educação, davam-me assunto, concordando ou informando algo que disse-se equivocadamente.
Rascunhei, o que achei importante, mesmo sabendo que , não trabalhando em jornal nenhum, nada do que anotei seria publicado.
Mas por algumas horas, entre os imortais do jornalismo local, acredito que fiz minha parte.
Vivenciei a insurgência política, sorrisos e lágrimas gozo e brochidão.
Enquanto uns apostam que tudo isso vai dar em nada outros trocem para dar em tudo.
Bom o jeito é aguardar para se descobrir, quem escreverá a próxima página desse enredo.
Eu futuro Foca, fico por aqui aguardando a próxima oportunidade de ação
Hã, minhas informações, o que descobri?
Descobri que esse povo tem raça e a luz que brilha desse povo não ofusca .
Até porque nessa cidade, nosso Telhado é de Vidro.
Por: Aloisio Di Donato
3 comentários:
Huuuummm, o Jabor campista. É, vc não foi exagerado ao se comparar com o Jabor hoje cedo. adorei o texto!
...
"e nas curvas do Paraíba um papo amarelo repousa ao fim da tarde "
adorei!
Bacana o texto, seu Donato. Linkei seu blog lá no urgente. Abração!
Muito bom Dom!!!!!
Postar um comentário