quinta-feira, 15 de maio de 2008

Viva o rei! Viva o rei!

Subiram a ladeira já tarde da noite, Saci´s, Caiporas montados em Mulas Sem Cabeça, moribundos Boitatás, Borboletas disfarçadas de azul escuro da noite, Gnomos,Elfos, Fadas e Silfídicas - criaturas de criativas identidades.
Hoje, vai ser escolhido o rei!

Hoje, vai ser escolhido o rei!

Todos foram convidados. De festa no céu à quermesse de roça braba.

Eu, sem ter o que fazer, puxei minha cadeira de balanço acendi meu cachimbo com um fuminho proibido da cidade, contei as estrelas que já se despediam e olhei a festa começar.

Foguetes, busca-pés riscando o chão, gente rindo, gente chorando, uns pulavam outros só gritavam. Aquele fuzuê.

A Côrte, que se reunira no cair da tarde, já decidira sobre a nomeação. Eu, na minha viagem astral e sem direito a voto, escolhi usando um artifício da cidade grande chamado liminar, repousar meu velho corpo na antiga cadeira que comprei pra minha sogra, e em movimentos de vai-e-vem, comecei a me ninar.

Os jornais ainda sendo escritos, já contavam em letras miúdas o roteiro de um filme tragicômico. Chanchada dos velhos tempos em novelas de rádio, coisas que muita gente já sabia.

Escutei rezas, ladainhas lamuriosas, gargalhadas espantosas até que uma velha senhora, católica fervorosa, vestida de preto e chale me olhou com cara feia e soltou um gostoso “ sai de retro satanás, quem te trouxe que te leve pras profundezas da escuridão onde seu pai chifrudo te espera”.

Te juro, soltei uma gargalhada nunca antes exercitada. De hora pra outra, sem ter nada com a festa da velha que se julgava honesta, virei filho de vagabunda e ganhei um pai corno. Também, olha onde vim morar.

Já rodei muito asfalto, de avião então nem se fala - parecia um urubu de tanto que voava, mas hoje já sem ter o que fazer, escolhi outra mulher e por aqui fui me encostando.

Sabe que até que gosto daqui! Pode acreditar. Por lugares que visitei, cidades que conheci achei que já tinha visto de tudo, mas nada igual aqui.

Cidade com dois prefeitos (e um terceiro na fila de espera do plantão), muita briga por dinheiro, poder, posição. Muita gente pobre, já rica quase ninguém. Se fosse modalidade de esporte essa prova da prefeitura seria algo do tipo revezamento quatro por cem (com direito a muitas barreiras).

A você, quer saber da festa lá de cima?

Ainda não terminou, tão esperando alguém de fraque e cartola decidir esse furdunço , mas se preocupa não até outubro (mês do Halloween), por força da imposição chamada de vontade popular, muitos cinqüenta contos escolherão aquele que trajará o manto da verdade e erguerá sobre nossas cabeças a espada da justiça, defendendo a soberania desse povo menos provido de pão.

Escolham as fantasias, no raiar da nova aurora, quando a festa estiver quase por terminar

servirão coquetel, lagosta, e caviar. Mas só para os que tem bom gosto em escolher que tipo de café servir.

Eu, continuarei a balangar minha cadeira, pitando meu cachimbo da paz e entre uma baforada e outra quem sabe não fique satisfeito com o resultado final.

Nesse concurso de fantasia, vou fantasiado de prefeito, quem sabe não acabo eleito?

Ai sim, esse fim seria perfeito para um bom começo. Mas hoje ... (risos)

Vida longa ao rei! Vida longa ao rei!


Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - Fafic

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