quinta-feira, 15 de maio de 2008

Casa da Mãe Joana

Dona Joana, moradora do Parque Prazeres, mãe de quatro filhos, é do tipo que quando existia a CEASA, acordava cedo para recolher nas vielas, entre as pedras, o que a elite não escolhia.

O tempo foi passando e na casa da mãe Joana seus filhos cresciam fortes e pançudos. Uns diziam que era pura saúde, outros vermes de renome. No fim, todos sonhavam com os prazeres que o bairro lhes proporcionaria.

Em uma rádio local, as bonanças e bem- aventuranças , davam à mãe Joana a esperança de ver sua cidade crescer. O bairro já crescia. A cada dia novas famílias se mudavam. Mais crianças, novos vizinhos.

A mãe Joana nunca teve a oportunidade de estudar, mas sempre teve bom coração, amava sua casa (seu “cantinho” como costumava dizer), amava cada pedacinho daquele chão.

Aos domingos buscava no guarda-roupa seu melhor vestido e escutava pelo rádio a missa do padre Getúlio. A casa da mãe Joana se enchia de felicidade a cada trecho da Bíblia que o padre lia.

Mãe Joana foi sempre muito pobre. Em lugar das lambretas, o casco já lhe fazia a vez. Mesmo assim não tinha vergonha. Enfrentava a vida com maestria.

Mãe Joana nunca tinha ido ao centro da cidade, nunca viu a praia, nem lagoa, nem mar. “Só nas figurinha das revista, que achemo nas rua“, dizia.

Mãe Joana, mulher guerreira e sonhadora, sempre quis mais. Um dia começou a andar e veio conhecer a Pelinca, bairro nobre de Campos, e descobriu o quanto eram lindas as luzes da cidade. Que tudo é muito parecido com o cantinho de sua casa, tinha vida, tudo era bonito. Mãe Joana, gostou tanto do que viu, que começou a dizer: “eu amo essa cidade, eu amo Campos, e nem morta quero sair daqui”.

A felicidade era tanta que começou a comparar e acabou concluindo, que era tudo igualzinho a sua casa. “Tudo arrumadinho, muito brilho, a confusão dos fios, dias de fartura, dias de pouco pão, vizinhos mais ricos, outros não.”

Em frente à igreja do Santíssimo sem agüentar tamanha emoção abriu os braços e gritou

“ ISSO É MUITO IGUAL. CAMPOS É A CASA DA MÃE JOANA!” Coitada! Tomou tanta porrada que até hoje está sem entender o que aconteceu...

Por: Aloisio Di Donato
4º Período Comunicação Social - FAFIC

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