quinta-feira, 15 de maio de 2008

Telhado de Vidro

Em 1992 escolhi a cidade de Campos dos Goytacazes como residência oficial.

Cansado de correr o mundo e recém-chegado de Nova York, vim descobrir que tinha origens na cidade da cana, do ouro negro, a Campos dos Goytacazes.

Sempre fui um apaixonado declarado pela cidade, tanto que aqui, por intervenção divina, e minha também, é lógico, casei duas vezes , e tenho três filhos maravilhosos, todos campistas de carteirinha.

O tempo foi passando, a cidade crescendo, o progresso chegando, e como toda a cidade que se preze, chegamos ao 3º PIB industrial do Brasil, e cidade responsável em sua bacia produtora por 84% do petróleo dessa imensidão que é nosso país.

Grandes nomes políticos se forjaram nessas planícies Goytacá : Alair Ferreira, Walter Silva, Zezé Barbosa, Raul Linhares, Rockfeller, Garotinhos e Arnaldos.

Conquistas e perdas, sempre marcaram a forte História deste chão, que começa nos engenhos em roda d’água de Pero de Góis, no filme de Winston Churchill, e terminam sempre em versos e prosas .

Nessa terra onde outrora brigavam índios, hoje lotadas e ônibus duelam no trânsito por um passageiro ao sol.

Nesse chão, doce por natureza, o imperador se enlaçou nos cachos das baronesas, e nas curvas do Paraíba um papo amarelo repousa ao fim da tarde a guardar um sino dourado. Há quem diga escutar o badalar seco e já enferrujado, mas acho que é lenda, coisa do povo antigo.

Por um tempo, onde antes se espancava escravos, fez-se o povo aplaudir artistas nacionais.

Hoje, onde o Sol nasce primeiro a festa foi pequena, tipo Janeiro, Fevereiro e só.

A cidade tem luz própria, a gente tem Luz própria.

E nem a chuva que cai forte, devassa e traz miséria causando calamidade, consegue apagar o brilho desse povo.

Revoltas, reviravoltas, quedas e levantes.

Tempos atrás, construímos mais um capítulo nessa tão caliente história.

Hollywood,por algumas horas, foi aqui.

Campos foi cenário de um filme policial, com direito a boatos e mexericos. O engraçado é que nessas horas todos somos Dona FiFi, nos acotovelamos em busca das melhores informações, e as repassamos como vindas de fontes reais, quando não somos nós a presenciar o real fato relatado. Secretários municipais sendo presos; prefeito afastado; assessores com medo da sombra; jornalistas; cinegrafistas; cartunistas; delegados risonhos e carrancudos, policiais educados outros mal encarados, um roteiro completo. Pronto estava montado o cenário.

Eu já não tão jovem, mas estudante de jornalismo, entrei no clima, peguei meu bloquinho e caneta, e fui vivenciar a magia , emoção dos relatos veteranos de quem já cobriu matérias ou casos importantes da história nacional.

Infiltrei-me entre os bons. Avelino Ferreira, Joca Muylaert, até o lendário Churchill apareceu, e eu dava minhas opiniões, como se fosse o mais experiente cientista político, ou jornalista especializado no assunto, e eles sempre atentos , acho que por educação, davam-me assunto, concordando ou informando algo que disse-se equivocadamente.

Rascunhei, o que achei importante, mesmo sabendo que , não trabalhando em jornal nenhum, nada do que anotei seria publicado.

Mas por algumas horas, entre os imortais do jornalismo local, acredito que fiz minha parte.

Vivenciei a insurgência política, sorrisos e lágrimas gozo e brochidão.

Enquanto uns apostam que tudo isso vai dar em nada outros trocem para dar em tudo.

Bom o jeito é aguardar para se descobrir, quem escreverá a próxima página desse enredo.

Eu futuro Foca, fico por aqui aguardando a próxima oportunidade de ação

Hã, minhas informações, o que descobri?

Descobri que esse povo tem raça e a luz que brilha desse povo não ofusca .

Até porque nessa cidade, nosso Telhado é de Vidro.

Por: Aloisio Di Donato

Castelo de Mármore

Do alto da minha barriga cheia, diga-se de passagem, vejo o horizonte.

Do meu castelo de mármore contemplo a vastidão de minhas posses.

A miséria, é fato que não existe, é intriga da oposição, que almeja meu poder.

Muitos são os poucos que comigo desfrutam da minha mesa farta.

Miséria é coisa de cinema, é coisa criada para iludir a burguesia

Para que possam se distrair fazendo caridade.

Dê a eles, o mínimo e estarão sempre em tuas mãos, serão Alices no País das Maravilhas

Seu Deus sou eu e mais ninguém.

Enquanto repouso em campos e lençóis madrigais nas grandezas de minhas conquistas, por piedade te dou o resto

Por não beijar minha mão, pela tua insubordinação te condeno a ser eterno enquanto dure.

Dia 3 te dou 50. Aí sim te alimento por um mês, de resto.

É isso mesmo,

O Resto

Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - FAFIC

Rir é sempre o melhor remédio!

Acordamos felizes. Campos dos Goytacazes é o 3º PIB industrial.

Vencemos todos os pré conceitos dos que, politicamente, diziam que esta cidade estaria falida.

Ao olharmos a história desse município constatamos que garra e paixão pelo chão onde pisamos é que não falta.

É facil sair às ruas desta rica cidade e depararmos com o progresso abundante, gerado pelo suor dos que trabalham no campo; na força dos que perfuram o solo e dele retiram a riqueza do ouro negro.

Em Campos dos Goytacazes é facil ver estampado no rosto de sua gente gerreira, a felicidade pela fartura na mesa, pela conquista da boa educação, pela saúde, pela moradia decente.

Campos dos Goytacazes... 3º PIB industrial do país... sabe lá você o que significa isso?

Significa que tudo- Transporte, Educação, Saúde, Cultura e Lazer - funciona nessa terra. Significa que aqui não existe miséria. Significa que indústrias estão espocando por todos os lados empregando nossa gente, que devido às boas condições da educação, já têm a mão-de- obra especializada.

Em pouco mais de um ano uma única concessionária de automóvel vendeu mais de 25 unidades zero quilômetros, de carros que variam seus valores entre R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais ) e R$ 280.000,00 ( duzentos e oitenta mil reais ).

Nosso transporte coletivo ( pasmem) pode ser considerado - se não igual - melhor que o de Curitiba, no Paraná.

Morar em Campos dos Goytacazes é privilégio para poucos e, os que conseguem, hoje podem se orgulhar desse referencial de riqueza - 3º PIB Nacional.

Aos 172 anos, esse município tem um orçamento aprovado para o ano de 2008 de R$ 1.5 bilhões.

E como o futuro está para ser cada vez mais construído, acredito que 2008 vai ser o ano dos empreiteiros.

Novas ruas, mais estradas, reformas, casas para população carente,pontes e muito mais.

Abençoado os que exercem essas funções, porque deles é a chave do sonho realizado.

Quando nesse país de miséria, um cidadão analfabeto que até ontem passava fome, poderia ter carro zero e casa própia?

Campos formosa intrépida amazona do viridente plaino goitacá... ó Paraíba ó mágica torrente... por onde passas como um rei do oriente teus vassálos vem beijar-te os pés...

E nós que vivemos sob a luz e madrigais aguardamos nesta terra de oportunidades, a oportunidade de recebermos os trabalhos realizados e não pagos, nem com reconhecimento.

Como sou estudante de Comunicação e fotógrafo, esperarei com paciência a vez de poder falar. Até lá

fico com um projeto fantástico “ Rir é o Melhor Remédio “.

Até Outubro de 2008

Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - FAFIC

Os Sonhadores

A liberdade questionada, a cultura explícita e deturpada, um relacionamento entre irmãos estranhamente explicativo, a sexualidade colocada jovialmente de forma banal...

Sem dúvida, que o filme gera polêmica, mas a mim, só me traz um questionamento:

Ou sou estúpido demais pra entender um conceito artístico ou um imbecil maior ainda por não compreender a ideologia criteriosa dos dito críticos da sétima arte.

Minha intelectualidade é suburbana, não faço parte da minoria dita Cult, não como caviar, nem bebo champanhe francês.

Meu peixe é traíra - aquele que se come com a mão, curto mesmo é uma boa cerveja gelada, uma mulata gostosa, e jogo do meu mengão.

Meu diploma é do supletivo, meu carro é de lotação.

Não assisto DVD, não vivo Cyber café, nem como filé mignon. De que me vale Sorbonne, Harvard

Charuto Cubano ou Run Carta Blanca?

Meu passado me condena.

Masco chiclete, uso havaiana, fumo minister, quando criança colei chiclete na mesa da professora e já fiz muita bolinha de meleca.

Sou Brasileiro, sou preto, sou branco, sou índio. Minha cultura é fiada e na piada do filme uma coisa eu ganhei:

Assisti juntinho da minha nega, e olha, quando a branquela mostrou os “peitão grande e branco”, até que eu gostei.

Mas é isso ai professora.

Sem essa cultura enlatada, sou simples no dizer:

Sabe o que eu entendi do filme ?

Porra nenhuma.

Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - FAFIC

Meus olhos de Deus

Em meu olhar busco a resposta de Deus

Em meu Deus, busco a resposta da vida

Na vida, busco a resposta do hoje

Hoje, ainda com fome divido minha alegria com ele,

que percebe meu choro

e me lambe a face,

abana o rabo

e me chama pra brincar.

Meu cachorro é meu guia e nada me faltará,

é nele que deposito minhas angústias,

é com ele que divido minhas alegrias,

é ele que chuto quando estou com raiva,

é ele que abraço quando tenho saudade...

Nossos destinos estão traçados,

de quatro ou em pé,

somos únicos e perdemos nosso olhar lá.

Na esperança que ele - o amigo que virá -

Que me dará um abraço e, por instantes, serei superior

Por segundos terei poder

e, ao cair da tarde, em algum lugar pra me divertir peço uma cerveja, e escuto a música da sanfona lá longe,

e num simples estalo sinto meu peito arder, cansado me deito.

Tudo fica calmo, já encontro meu amigo

Já encontro ele...

... Deus.

Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - FAFIC

O Futuro, Adeus Pertences.

Por alguns segundos me desligo do mundo e volto aos meus tempos de criança. Lembro da final do campeonato carioca de 1948, uma final entre Botafogo e Vasco.

Na localidade onde morava, só havia um aparelho de rádio, um PHILCO valvulado que, quando esquentava muito, ia perdendo um pouco a sintonia, o antes irritante chiado sonoro hoje soa como música aos meus ouvidos.

O volume das transmissões alternavam entre o baixo e os gritos, e Chico Pé Sujo, o dono do rádio, vez em quando dava uma porradinha, pra melhorar a sintonia.

Botafogo ganhou por 3 a 1. Ainda me lembro da escalação dada pelo locutor numa voz estereofonicamente enlatada. O escrete do Botafogo com Gerson, Osvaldo, Nilton Santos, Rubinho, Ávila e Juvenal, Paraguaio, Geninho, Otávio e Braguinha. E o escrete do Vasco com: Barbosa. Augusto e Wilson. Eli. Danilo e Jorge. Friaça. Ademir. Dimas. Ipojucan e Chico.

A vizinhança toda se juntava na varanda só pra escutar o rádio. Cada um ia se achegando e se acomodando como podia.

Não importava muito quem ganharia o jogo, mas a reunião era fantástica.

Lembro do Repórter Esso na voz de Romeu Fernandez e na inconfundível voz de Heron Domingue. Da musiquinha de abertura e do slogan "testemunha ocular da história". A credibilidade era tão grande que a gente só acreditava, se a notícia fosse confirmada pelo Repórter Esso.

Lembro de Balança Mas Não Cai com o primo pobre e o primo rico. Lembro ainda da voz doce de Dircinha Batista, que foi rainha do rádio por quase 11 anos. A musiquinha do Getúlio “Bota o retrato do velho outra vez bota no mesmo lugar, o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar,o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar “.

Nossa! Lembro do medo da passagem do cometa Halley, isso era ponto de discussão entre todo mundo.

O chiado do Rádio, ô saudade, do velho e bom chiado. Saudade das novelas: Em Busca da Felicidade, tem o som de orquestra, o locutor dizia: “Senhoras e senhoritas, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro apresenta: (Som de orquestra sobe) Em Busca da Felicidade, emocionante novela de Leandro Blanco”.

E Direito de Nascer, essa, então, ninguém perdia.

É... O tempo foi passando, veio a televisão, computador, celular.

- Que horas são? Alguém sabe me informar?

- 3:45

- Obrigado. Bem, vou indo tenho um encontro com minha família agora.

- Em casa?

- Não minha família tá viajando. Minha mulher tá na Suíça fazendo mestrado, meu filho menor, tá na Alemanha em excursão, meu mais velho estudando no Japão, a minha filha mora nos Estados Unidos, mas todos os dias nos falamos às 4 da tarde via chat.

- Se hoje somos unidos? Sim, muito mais que antes, hoje temos a internet... Oi Amor, ó comprei uma TV de 34 polegadas, escolhi agora no site, eles entregam amanhã. Já mandei um e-mail avisando a lavanderia para não misturar roupa branca com de cor, e você não vai acreditar! Inauguraram um delivery pertinho de casa e o cardápio tá na página deles. Acabei de falar com Tadeu pelo MSN, estou ansioso pra ver vocês, Carolina como sempre atrasada.

Enfim todos logados.

- Oi crianças, Papai ama vocês!

Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - FAFIC

Que é isso, companheiro?!

Acostumados a nos encontrar entre matérias, nós estudantes de jornalismo sempre nos perguntamos, como nos transformarmos em JORNALISTA, no sentido ético, puro e real da palavra.

O senador Antônio Carlos Magalhães disse certa vez: “existem só dois tipos de jornalistas: os que gostam de dinheiro e os que gostam de informação. Nunca se deve dar dinheiro aos que querem informação. E nem informação aos que querem dinheiro”...

Qual das opções escolher? Para que caminho estão nos guiando? Estamos preparados para esse desafio?

Hoje, afoitos por um lugar ao sol, muitos alunos se lançam ao desafio das redações nos chamados estágios.

Enchem o peito de orgulho ao adentrarem aos jornais e verem suas matérias publicadas no dia seguinte.

Jornalismo é uma profissão construída sobre o permear da decência, no amparo da ética e da moral.

Ser jornalista é muito mais do que simplesmente ter impresso em tablóides ou folhetins, relatos das ações do dia-a-dia de uma sociedade.

Bob Woodward, famoso jornalista do caso Watergate, diz que a função do jornalista é exercer a melhor versão da verdade possível de se obter.

Ao analisar nossas edições diárias, vejo com certo receio como são tratados esses “aprendizes de foca” - jovens lançados sem experiência em um manipulado mundo de interesses político-comerciais.

Muitas vezes em troca da mensalidade, esses jovens aprendizes são aliciados a exercerem cargas horárias superiores a de jornalista formado que não pode ultrapassar a cinco horas diárias determinado pelos sindicatos da categoria e pela Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ).

Aos veteranos, supostamente co-responsáveis na formação desses futuros profissionais, o comodismo ou interesses próprios são como vendas sobre os olhos, deixando a moralidade e o respeito ao profissional em formação sempre em segundo plano.

Por não conhecer seus direitos, ética e seus deveres esses jovens alunos partem para um mundo fantasioso sonhando com a fama e o sucesso.

Jornalismo é sacerdócio, ser jornalista é ter a consciência de não ter como mudar o mundo ou uma sociedade, mas exercer o direito à informação verdadeira na melhor versão da verdade possível de se obter.

Mas essa maturidade não será conquistada nos bancos universitários, tão pouco na labuta insana dos veículos de comunicação. Há que haver união de idéias, a busca por novos ideais e campanhas e isso só se faz em associações. Por que é da indagação que surgem as respostas... e aí sim, poderemos – nós, um dia focas – também questionar: “Que é isso, companheiro?”

Por: Aloisio Di Donato

4º Periodo Comunicação Social - FAFIC


A CÚPULA E A CÓPULA

Em, 14 de março de 2006, no auditório da Faculdade de Odontologia de Campos, o X Seminário de Comunicação promovido pela Faculdade de Filosofia de Campos – FAFIC. E, aproveitando que FILOSOFIA é a arte que nos faz pensar, reflito com meus pobres neurônios: ‘Qual a diferença entre a turma da Cúpula e a turma da Cópula?’

Descobri que para se construir um império da comunicação (e puxo a pobre da sardinha para o meu lado, pois faço o primeiro período de Comunicação Social ) não é preciso muito esforço. Basta ter uma boa turma para a cópula. E se procurarmos, sem muito trabalho, encontraremos sentados bem ao lado de nosso banco escolar, alguém que está pronto para ser copulado.

Viver em um país onde não temos políticas adequadas, principalmente ao que se relaciona à Educação, e em um mundo globalizado (entenda-se vaselinado), o que esperar de estudantes (aí já generalizo) de todos os cursos universitários que para colocarem em prática o que aprenderam ontem (buscando conseguir uma pequena participação na já tão mísera ponta do Sol) são obrigados, a reverenciar, os senhores do engenho, ficando assim cada vez mais próximos da tão esperada e inescapada cópula?

Ao questionar a palestrante professora Carmem Pereira (Jornalista e Mestre em Ciência Política; atuou nos principais veículos do Rio de Janeiro TV Globo, O Globo, Última Hora, Editoras Bloch e Abril, membro da Comissão de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas -FENAJ) sobre qual a melhor forma de tornar menos vil essa forma praticada por nossos senhores feudais, que escravizam e acabam com a esperança e sonhos de uma boa parte de nossos jovens, tive como resposta: “Não sei..., Lutar...”

Eu, particularmente, acredito que só existe uma maneira de inverter esse jogo: ou aceitamos a cópula (pois até quem as pratica por profissão trata preço antes e recebe o que foi tratado, não reclamando ou se importando em ter prazer ou não), ou exigimos melhores condições de estágio, mais respeito aos profissionais que estão se construindo. Se não, ficarão na mão. E digo, literalmente na MÃO, como ficam os miseráveis que não podem pagar pelos mágicos momentos de prazer propiciados pelas divas do sexo fácil.

Nós, ainda estudantes, e vocês estagiários, estamos todos juntos nesse mesmo barco, uns com mais privilégios, outros com menos possibilidades de sobrevivência, mas nesse momento do mesmo lado, devemos buscar sempre a melhor opção. E digo SEMPRE, pois como diz ditado antigo, “se a cópula é inevitável...”, e é, que busquemos ao menos uma vaselina importada, para torná-la menos dolorida.

Hoje, puxamos o carrinho - e bem na frente - da turma da cópula, e olha que nem ganhamos sorvetes para gritar ‘Ki-bom’... Quem sabe não aprendemos?... E amanhã, quando chegarmos à cúpula, teremos muito mais prazer em desfrutar com a turma da cópula os sabores de um bom champagne e morangos com chantilly...

Aloísio Di Donato

4º período de Comunicação, FAFIC – Campos RJ

Viva o rei! Viva o rei!

Subiram a ladeira já tarde da noite, Saci´s, Caiporas montados em Mulas Sem Cabeça, moribundos Boitatás, Borboletas disfarçadas de azul escuro da noite, Gnomos,Elfos, Fadas e Silfídicas - criaturas de criativas identidades.
Hoje, vai ser escolhido o rei!

Hoje, vai ser escolhido o rei!

Todos foram convidados. De festa no céu à quermesse de roça braba.

Eu, sem ter o que fazer, puxei minha cadeira de balanço acendi meu cachimbo com um fuminho proibido da cidade, contei as estrelas que já se despediam e olhei a festa começar.

Foguetes, busca-pés riscando o chão, gente rindo, gente chorando, uns pulavam outros só gritavam. Aquele fuzuê.

A Côrte, que se reunira no cair da tarde, já decidira sobre a nomeação. Eu, na minha viagem astral e sem direito a voto, escolhi usando um artifício da cidade grande chamado liminar, repousar meu velho corpo na antiga cadeira que comprei pra minha sogra, e em movimentos de vai-e-vem, comecei a me ninar.

Os jornais ainda sendo escritos, já contavam em letras miúdas o roteiro de um filme tragicômico. Chanchada dos velhos tempos em novelas de rádio, coisas que muita gente já sabia.

Escutei rezas, ladainhas lamuriosas, gargalhadas espantosas até que uma velha senhora, católica fervorosa, vestida de preto e chale me olhou com cara feia e soltou um gostoso “ sai de retro satanás, quem te trouxe que te leve pras profundezas da escuridão onde seu pai chifrudo te espera”.

Te juro, soltei uma gargalhada nunca antes exercitada. De hora pra outra, sem ter nada com a festa da velha que se julgava honesta, virei filho de vagabunda e ganhei um pai corno. Também, olha onde vim morar.

Já rodei muito asfalto, de avião então nem se fala - parecia um urubu de tanto que voava, mas hoje já sem ter o que fazer, escolhi outra mulher e por aqui fui me encostando.

Sabe que até que gosto daqui! Pode acreditar. Por lugares que visitei, cidades que conheci achei que já tinha visto de tudo, mas nada igual aqui.

Cidade com dois prefeitos (e um terceiro na fila de espera do plantão), muita briga por dinheiro, poder, posição. Muita gente pobre, já rica quase ninguém. Se fosse modalidade de esporte essa prova da prefeitura seria algo do tipo revezamento quatro por cem (com direito a muitas barreiras).

A você, quer saber da festa lá de cima?

Ainda não terminou, tão esperando alguém de fraque e cartola decidir esse furdunço , mas se preocupa não até outubro (mês do Halloween), por força da imposição chamada de vontade popular, muitos cinqüenta contos escolherão aquele que trajará o manto da verdade e erguerá sobre nossas cabeças a espada da justiça, defendendo a soberania desse povo menos provido de pão.

Escolham as fantasias, no raiar da nova aurora, quando a festa estiver quase por terminar

servirão coquetel, lagosta, e caviar. Mas só para os que tem bom gosto em escolher que tipo de café servir.

Eu, continuarei a balangar minha cadeira, pitando meu cachimbo da paz e entre uma baforada e outra quem sabe não fique satisfeito com o resultado final.

Nesse concurso de fantasia, vou fantasiado de prefeito, quem sabe não acabo eleito?

Ai sim, esse fim seria perfeito para um bom começo. Mas hoje ... (risos)

Vida longa ao rei! Vida longa ao rei!


Por: Aloisio Di Donato

4º Período Comunicação Social - Fafic

Casa da Mãe Joana

Dona Joana, moradora do Parque Prazeres, mãe de quatro filhos, é do tipo que quando existia a CEASA, acordava cedo para recolher nas vielas, entre as pedras, o que a elite não escolhia.

O tempo foi passando e na casa da mãe Joana seus filhos cresciam fortes e pançudos. Uns diziam que era pura saúde, outros vermes de renome. No fim, todos sonhavam com os prazeres que o bairro lhes proporcionaria.

Em uma rádio local, as bonanças e bem- aventuranças , davam à mãe Joana a esperança de ver sua cidade crescer. O bairro já crescia. A cada dia novas famílias se mudavam. Mais crianças, novos vizinhos.

A mãe Joana nunca teve a oportunidade de estudar, mas sempre teve bom coração, amava sua casa (seu “cantinho” como costumava dizer), amava cada pedacinho daquele chão.

Aos domingos buscava no guarda-roupa seu melhor vestido e escutava pelo rádio a missa do padre Getúlio. A casa da mãe Joana se enchia de felicidade a cada trecho da Bíblia que o padre lia.

Mãe Joana foi sempre muito pobre. Em lugar das lambretas, o casco já lhe fazia a vez. Mesmo assim não tinha vergonha. Enfrentava a vida com maestria.

Mãe Joana nunca tinha ido ao centro da cidade, nunca viu a praia, nem lagoa, nem mar. “Só nas figurinha das revista, que achemo nas rua“, dizia.

Mãe Joana, mulher guerreira e sonhadora, sempre quis mais. Um dia começou a andar e veio conhecer a Pelinca, bairro nobre de Campos, e descobriu o quanto eram lindas as luzes da cidade. Que tudo é muito parecido com o cantinho de sua casa, tinha vida, tudo era bonito. Mãe Joana, gostou tanto do que viu, que começou a dizer: “eu amo essa cidade, eu amo Campos, e nem morta quero sair daqui”.

A felicidade era tanta que começou a comparar e acabou concluindo, que era tudo igualzinho a sua casa. “Tudo arrumadinho, muito brilho, a confusão dos fios, dias de fartura, dias de pouco pão, vizinhos mais ricos, outros não.”

Em frente à igreja do Santíssimo sem agüentar tamanha emoção abriu os braços e gritou

“ ISSO É MUITO IGUAL. CAMPOS É A CASA DA MÃE JOANA!” Coitada! Tomou tanta porrada que até hoje está sem entender o que aconteceu...

Por: Aloisio Di Donato
4º Período Comunicação Social - FAFIC